"Fora da Caridade não há salvação"

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ser Cristão

Ser cristão

        Tempos houve em que ser cristão significava ser alguém portador de grande coragem.

        Alguém que ousava desafiar a autoridade, o poder, a sociedade. Alguém que se importava muito mais em defender os seus princípios, do que a sua própria vida.

        Alguém para quem amar o Cristo significava ir às últimas conseqüências, doando a vida, sacrificando posição social, os próprios seres amados, se necessário.

        Tempo houve em que ser cristão era sinônimo de ser invencível na fé.

        Se a perseguição se fazia devastadora, cristãos enchiam calabouços e anfiteatros, servindo de pasto às feras.

        Serenos entregavam-se ao martírio, com a certeza de que como lenho atirado ao fogo, seus exemplos alimentavam a chama do idealismo que iluminaria a Humanidade.

        A sua fé desafiava o poder vigente que não entendia como podia se enfrentar a morte, entre cânticos de louvor.

        Buscavam as catacumbas para ali, onde muitos celebravam a morte, celebrarem a vida abundante, falando da imortalidade.

        Para iluminar os caminhos escuros, na noite avançada, usavam tochas. E não temiam as estradas desertas para chegar ao local do encontro.

        Nada lhes impedia a manifestação religiosa, na intimidade do coração ou na praça pública.

        O amor era a sua identificação maior. Quando os pais eram trucidados nos circos, os filhos eram adotados pelas demais famílias cristãs.

        Se um companheiro era conduzido ao sacrifício, não faltava quem lhe sussurrasse aos ouvidos ou lhe enviasse uma mensagem:

        Morre em paz. Eu também sou cristão. Tua família encontrará um lar em minha casa.

        Repartiam o pão, o teto, o cobertor. Respirava-se o Evangelho.

        Séculos depois, muitos dos que nos dizemos cristãos mostramos fraqueza nas atitudes e sentimentos mornos.

        Esquecemo-nos das recomendações de Jesus ao dizer que nosso falar deve ser sim, sim, não, não. Esquecemo-nos de que o Mestre nos afirmou que seus discípulos seriam conhecidos por muito se amarem.

        Não nos lembramos das exortações de que o Pai trabalha incessantemente, e nos entregamos ao comodismo dos dias.

        Por tudo isso, quando o Natal se aproxima outra vez, é um momento especial para uma rogativa Àquele que é O Caminho, A Verdade e A Vida.

                                                                * * *

        Senhor Jesus!

        Os que Te desejamos servir, Te rogamos alento para nossas lutas, coragem para nossos atos.

        Robustece-nos a fé, que ainda é tão tímida.

        Ampara-nos a vida pela qual tanto tememos.

        Aumenta nossa esperança de dias melhores no amanhã.

        Infunde-nos vigor para as batalhas contra nossas próprias paixões.

        Desejamos estar Contigo e nos sentimos tão distantes.

        Vem até nós, Senhor Jesus.

        Temos sede de bonança, de paz, de alegrias.

        Vem até nós, Amigo Celeste, para que, ouvindo-Te a voz, outra vez, nos possamos decidir por seguir-Te, enfim.

        Permite, Jesus, que esse Teu Natal seja o nosso momento de decisão, para que o novo ano nos encontre com disposição renovada.

        E então, os nossos dias se multipliquem em trabalho, progresso e paz.

        Dias em que, afinal, possamos nos dizer verdadeiros cristãos, Teus irmãos e fiéis seguidores.

Redação do Momento Espírita
Em 03.12.2008.

domingo, 26 de outubro de 2008

Estudo sobre a Arrogância

ESTUDANDO A ARROGÂNCIA
Ermance Dufaux

“Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; - e, aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo.” (S.MATEUS, capítulo XX, vv.20 a 28). – ESE – Capítulo VII – item 4

Arrogância, eis um tema de extrema importância para ser meditado em nossos núcleos de amor cristão.

Tenho arrogância? Como descobri-la? O que é arrogância? Um sentimento ou uma atitude? Qual a sua origem? Como se manifesta? Como perceber a atitude arrogante? Que fazer para superar essa doença moral? Como espíritas somos arrogantes? Como? Quando? Por que existe ainda a arrogância em nossa conduta, apesar do conhecimento doutrinário?

Os Sábios Guias da Verdade oportunamente responderam ao senhor Allan Kardec: “De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem ainda muito próximo da sua origem, não pôde libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua educação.”

O estudo do sentimento do egoísmo constitui elemento fundamental no entendimento de nossas necessidades espirituais. Significa estudar nossa própria história evolutiva. A sutil diferença entre pensar excessivamente em si e pensar em si com benevolência pode determinar a natureza de todos os sentimentos humanos. O excesso de interesse por si mesmo é um ciclo de ilusões que se repete sustentando o auto-desamor em milênios de perturbação. A benevolência é a bondade efetiva que caminha de braços dados com a edificação da paz interior.

O codificador ponderou: “Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.”

Na fieira do tempo o egoísmo sofreu mutações infinitas que compões a versatilidade de toda a estrutura sentimento do Ser. O abuso desses “germens de luz” tem constituído entrave ao longo dos tempos. A paixão – ausência de domínio sob gerência da vontade – ensejou reflexos perniciosos, cujas raízes encontram-se no egocentrismo – o estado mental de fechamento nas nossas próprias criações.

Nessa linha de evolução, o instinto de conservação desenvolveu a posse como sinônimo de proteção, vindo a constituir o núcleo da tormenta humana como asseveram acima os Sábios Orientadores da Verdade: “(...) o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria (...)”

Alicerçados na necessidade apaixonada de proteção material, enlouquecemos através da posse e a conduta arrogante ensejou-nos a concretização dessa atitude de egoísmo.

O princípio que gera a arrogância foi colocado no homem para o bem. É a ânsia de crescer e realizar-se. O impulso para progredir. O instinto de conservação que prevê a proteção, a defesa. Tais princípios são os fatores de motivação para a coragem, a ousadia, o encanto com os desafios. Graças a eles surgem os líderes o idealismo e as grandes realizações inspiradas em visões ampliadas do futuro. O excesso de tudo isso, no entanto, criou a paixão. A paixão gerou o vício. O vício patrocinou o desequilíbrio.

Comparemos o egoísmo como sendo o vírus e a arrogância a doença, seus efeitos nocivos e destruidores.

Arrogância, “qualidade ou caráter de quem, por suposta superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assume atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros; orgulho ostensivo, altivez.” Esse o conceito dos dicionários humanos.

No sentido espiritual podemos inferir vários conceitos para o sentimento de arrogar. Vejamos alguns: exacerbada estima a si mesmo. Supervalorização de si. Autoconceito super dimensionado. Desejo compulsivo de se impor aos demais.

O egoísmo é o sentimento básico. Arrogância é a atitude íntima derivada desse alicerce de sensações nascidas no coração ocupado, exclusivamente, com seu ego. Uma compulsiva necessidade de ser o primeiro, o melhor, manifestada através de um cortejo de pensamentos, emoções, sensações e condutas que determinam o raio espiritual no qual a criatura transita.

Asseveram os Sábios Guias: “(...) a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.”

Façamos um pequeno gráfico. Escreva a palavra arrogância e a circule. Agora faça quatro traços nos pontos cardeais e escreva: rigidez, competição, imprudência, prepotência. Novamente faça um círculo em torno desses pontos e escreva: estado orgulhoso de ser. Feche um novo círculo.

http://images.angell58.multiply.com/image/29/photos/upload/1200x1200/RkTJLwoKCrUAAE2C90M1/arrogancia.JPG?et=oSI3IMzi7sNlm7eydYYW4A&nmid=0

Essas são as quatro ações mais perceptíveis em decorrência do ato de arrogar que estruturam expressiva maioria dos estados psicológicos e emocionais do Ser. A partir desse estado orgulhoso de Ser, podemos perceber um quadro mental de rígida auto-suficiência, do qual nascem as ilusões e os equívocos da caminhada humana, arrojando-nos aos despenhadeiros da insanidade aceitável e da rivalidade envernizada.

O traço predominante da personalidade arrogante é a não conformidade. Usada com equilíbrio, é fonte de crescimento e progresso. Todavia, sob ação dos reflexos da posse e do interesse pessoal, que marcaram acentuadamente, nossas reencarnações, esse traço atingiu o patamar de rebeldia e obstinação enfermiça.

A rebeldia tornou-se um condicionamento psicológico que dilata as ações da arrogância. Uma lente de aumento que decuplica e acelera as mutações da auto-suficiência.

Estudemos, portanto, as atitudes pilares da arrogância sob as lentes da rebeldia.

A rigidez é a raiz das condutas autoritárias e da teimosia que, freqüentemente, deságuam nos comportamentos da intolerância. Sob ação da rebeldia, patrocina o desrespeito ao livre-arbítrio alheio e alimenta constantemente o melindre por a via não ser como ele gostaria que fosse.

A competição não existe sem a comparação e o impulso da disputa. Quando tomado pela paixão, a força motriz de semelhante ação é o sentimento de inveja. Na mira da rebeldia, causa o menosprezo e a indiferença que tenta empanar o brilho de outrem. A competição é o alimento do sentimento de superioridade.

A imprudência é marcada pela ousadia transgressora que não teme e nem respeita os limites. Quase sempre, essa inquietude da alma alcança o perfeccionismo e a ansiedade que, freqüentemente, deságuam na necessidade de controle e domínio.. Consubstanciam modos rebeldes de ser. Desejo de hegemonia. Sentimento de poder.

A prepotência é um efeito natural da perspicácia que pode insuflar a megalomania, a presunção. Junto formam o piso da vaidade. A rebeldia, nesse passo, conduz a uma desmedida necessidade de fixar-se em certezas que adornam posturas de infabilidade.

Conforme o temperamento e a história espiritual particular, a arrogância manifesta-se com maior ou menor ênfase em cima das quatro ações descritas, criando efeitos variados no comportamento. Apesar disso, a cadeia de reflexos íntimos é muito similar.

Egoísmo que na sua mutação transforma-se em arrogância; essa, por sua vez, deriva um cortejo de outros sentimentos sob ação do orgulho e da rebeldia.

A arrogância retira-nos o “senso de realidade”. Acreditamos mais naquilo que pensamos sobre o mundo e as pessoas do que naquilo que são realmente. Por essa razão esse processo da vida mental consolida-se como piso de inumeráveis psicopatologias da classificação humana. A alteração da percepção do pensamento é o fator gerador dos mais severos transtornos psiquiátricos. São as manifestações enfermiças do eu na direção do narcisismo. Na rigidez, eu controlo. Na competição eu sou o maior. Na imprudência,. Eu quero. Na prepotência, eu posso. A arrogância pensa a vida e, ao pensá-las, afasta-nos dos nossos sentimentos.

Essa desconexão com a realidade estabelece a presença contínua das fantasias no funcionamento mental, isto é, a “interpretação ou imagem desvirtuada” que a pessoa alimenta acerca de fatos, pessoas e coisas. Nesse passo existem dois tipos psicológicos mais comuns. A arrogância voltada para o passado, quando há uma fixação em mágoas decorrentes da inaceitação de ocorrências que, na sua excessiva auto-valorização, o arrogante acredita não merecê-las. O outro tipo é a arrogância dirigida ao futuro, quando a criatura vive de ideais, no mundo das idéias, acreditando-se mais capaz e valorosa que realmente é. Passível de realizar grandes e importantes missões. Tais “deslocamentos da mente” são formas de evadir de algo difícil de aceitar no presente. De alguma maneira, constituem mecanismos protetores, todavia, quando se prolongam demasiadamente, podem gerar enfermidades psíquicas. A depressão é resultado da arrogância voltada ao passado. E a psicose em relação ao futuro.

Interessante observar que uma das propriedades psicológicas doentias mais presentes na estrutura rebelde da arrogância é a incapacidade de percebê-la. O efeito mais habitual de sua ação na mente humana. Basta destacar que dificilmente aceitamos ser adjetivados de arrogantes. Entretanto, um estudo minucioso nos levará a concluir que, raríssimas vezes na Terra, encontraremos condutas livres dessa velha patologia moral.

Relacionemos outros efeitos dessa doença:

§ Perda do autodomínio.
§ Apego a convicções pessoais.
§ Gosto por julgar e rotular a conduta alheia.
§ Necessidade de exercício do poder.
§ Rejeição a críticas ou questionamentos.
§ Negação de sentimentos.
§ Ter resposta para tudo.
§ Despreza aos esforços alheios.
§ Imponência nas expressões corporais.
§ Personalismo.
§ Auto-suficiência nas decisões.
§ Bloqueio na habilidade da empatia.
§ Incapacita para a alteridade.
§ Turva o afeto.
§ Acreditar que pode mais do que realmente é capaz.
§ Buscar mais do que necessita.
§ Querer ir além de seus limites.
§ Exigir mais do que consegue.
§ Sentir que somos especiais pelo bem que fazemos.
§ Supor que temos a capacidade de dizer o que é certo e errado para os outros.
§ Sentir-se com direitos e qualidades em função do tempo de doutrina na folha de serviços.
§ Acreditar que temos a melhor percepção sobre as responsabilidades que nos são entregues em nome do Cristo.
§ Julgar-se apto a conhecer o que se passa no íntimo do próximo.
§ Desprezar o valor alheio.

A ausência de consciência sobre esse sentimento e suas manifestações de rebeldia tem sido responsável por inúmeros acidentes da vida interpessoal. Mesmo entre os seguidores das orientações do Evangelho, solapam as mais caras afeições, levando muita vez a tomar os amigos como autênticos adversários como destaca a questão 917 de O Livro dos Espíritos:

“Quando compreender bem que no egoísmo reside uma dessas causas, a que gera o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que a cada momento o magoam, a que perturba todas as relações sociais, provoca as dissensões, aniquila a confiança, a que o obriga a se manter constantemente na defensiva contra o seu vizinho, enfim a que do amigo faz inimigo, ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua felicidade e, podemos mesmo acrescentar; com a sua própria segurança.”

Ter autoconsciência é uma das habilidades da inteligência emocional. Saber dar nome aos nossos sentimentos é fundamental no processo de crescimento e reforma interior. A arrogância que costumamos rejeitar como característica de nossa personalidade é responsável por uma dinâmica metamorfose dos sentimentos.

A ignorância de seus efeitos em nossa vida é explorada pelos gênios astutos da perversidade no planeta.

Necessário registrar que os apontamentos sobre arrogância aqui transcritos foram embasados no livro “Porta Larga, o Caminho da Perdição Humana”. Um exemplar utilizado nas escolas da maldade em núcleos organizados da erraticidade, arquivado na biblioteca do Hospital Esperança quando seu próprio autor foi resgatado e socorrido por Eurípedes Barsanulfo lha algumas décadas. Hoje reencarnado no seio do Espiritismo, esse escritor das penas vãs busca sua redenção na luta contra sua própria arrogância. O gráfico que sugerimos, também da autoria de nosso irmão, é usado em inúmeras plataformas de estudos com finalidades hegemônicas em clãs da perversidade.

O livro, que ainda permanece arquivado em nosso centro de estudos, é um exemplar da inteligência psicológica cujo propósito é combater a mensagem evangélica do Cristo embasada na humildade. Segundo o autor, a arrogância é a porta larga para implantação do caos no orbe terreno.

“Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se maior; seja vosso servo; - e, aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo.”

Por que essa compulsão por ser o maior em uma obra que não nos pertence? Se a obra é do Cristo, porque a anti-fraternidade:
Considerando tais reflexões acerca dessa doença dos costumes, teçemos algumas ponderações que nos motivem a algumas auto-aferições à luz da claridade espírita.

domingo, 28 de setembro de 2008

O poder dos médiuns


Como a ciência justifica as manifestações de contato com espíritos e por que algumas pessoas desenvolvem o dom

por Suzane Frutuoso fotos Murillo Constantino

O espiritismo é seguido por 30 milhões de pessoas no mundo. O Brasil é a maior nação espírita do planeta. São 20 milhões de adeptos e simpatizantes, segundo a Federação Espírita Brasileira - no último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2,3 milhões declararam seguir os preceitos do francês Allan Kardec, o fundador da doutrina. A mediunidade, popularizada pelas psicografias de Chico Xavier, em Uberaba (MG), ganhou visibilidade nos últimos anos na mesma proporção em que cresceu o espiritismo. Mas nada se compara ao poder da mídia atual, que permite debater os ensinamentos da religião por meio de livros, programas de tevê e rádio. Os romances com temática espiritualista de Zíbia Gasparetto, por exemplo, são presença constante nas listas de mais vendidos.
Embora não haja estatísticas de quantos entre os praticantes são médiuns, o que se observa é uma quantidade maior de pessoas que afirmam possuir o dom. O interesse pela religião fundamentada por Kardec (por isso também chamada de kardecismo) é confirmado pelo recorde de público do filme Bezerra de Menezes - o diário de um espírito, do cineasta Glauber Filho: 250 mil espectadores, desde o lançamento nos cinemas, em 29 de agosto. Um número alto para uma produção nacional. O longa, com o ator Carlos Vereza (também praticante do espiritismo) no papel-título, conta a história do cearense que ficou conhecido como "médico dos pobres", se tornou ícone da doutrina e orienta médiuns em centenas de centros a se dedicar ao bem e à caridade.
PSICOGRAFIA 
Instrumento por meio dos livros

A psicóloga Marilusa Vasconcelos, 65 anos, de São Paulo, é conhecida no espiritismo pela sua vasta literatura psicografada. Em 40 anos de dedicação à mediunidade, publicou 61 livros. Seu orientador é o espírito do poeta Tomás Antonio Gonzaga, que participou da Inconfidência Mineira. A dedicação à psicografia levou Marilusa a fundar em 1985 a Editora Espírita Radhu, sigla para renúncia, abnegação, desprendimento e humildade, a base dos ensinamentos na doutrina. Ela reúne outros dons, como ouvir, falar e enxergar espíritos e ser instrumento deles na pintura mediúnica. "Os vários tipos surgiram desde a infância", conta Marilusa, que nasceu numa família espírita. "O controle da mediunidade é indispensável. O médium não é joguete do espírito. Eles interagem, num acordo mútuo de tarefa."
Os espíritas dizem que todas as pessoas têm algum grau de mediunidade. Qualquer um seria capaz de emitir pensamentos em forma de ondas eletromagnéticas que chegariam a outros planos. O que torna algumas pessoas especiais, segundo os praticantes, a ponto de se transformarem em canais de comunicação com os mortos, é uma missão - designada antes mesmo de nascerem, determinada por ações em vidas anteriores e que tem na caridade o objetivo final. "É uma tarefa em favor da evolução de si mesmo e da ajuda ao próximo", diz Julia Nesu, diretora do departamento de doutrina da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Fenômenos relacionados a pessoas que falavam com mortos e envolvendo objetos que se mexiam são relatados desde o século XVII, tanto na Europa quanto nas Américas, mas hoje cientistas tentam compreender o fenômeno. Algumas linhas de pesquisa mostram que o cérebro dos médiuns é diferente dos demais.
São cinco os meios de expressão da mediunidade. A psicografia, que consagrou Chico Xavier, é a mais conhecida. Nela, o médium escreve mensagens e histórias que recebe de espíritos. Estaria sob o controle deles o que as mãos transcrevem. A vidência permite enxergar os mortos que não conseguiram se desvencilhar da Terra ao não aceitarem a morte ou que aparecem para enviar recados a entes queridos. Na psicofonia, o sensitivo é capaz de ouvir e reproduzir o que os espíritos dizem e pedem. A psicopictografia, ou pintura mediúnica, permite ao médium ser instrumento de artistas desencarnados (termo usado pela doutrina para designar mortos). A mediunidade da cura é responsável pelas chamadas cirurgias espirituais. Não é incomum um mesmo indivíduo reunir mais de um tipo de dom.
VIDÊNCIA 
Ver e auxiliar aqueles que estão em outro plano

Aos cinco anos, o chefe de faturamento hospitalar Ivanildo Protázio, de São Paulo, 49 anos, pegava no sono com o carinho nos cabelos que uma senhora lhe fazia todas as noites. Descobriu tempos depois que era a avó, morta anos antes. Aos 19 anos, os espíritos já se materializavam para ele. "Nunca tive medo. Sempre me pareceu natural." A mãe, que trabalhava na Federação Espírita, o encaminhou para as aulas em que aprenderia a lidar com o dom. Hoje, Protázio é professor de educação mediúnica. Essa é uma parte da sua missão. A outra é orientar os espíritos que lhe pedem auxílio para entender o que aconteceu com eles. A oração é o remédio. "Os espíritos superiores me ensinaram a importância da caridade para nossa própria evolução."

A reportagem de ISTOÉ presenciou uma manifestação mediúnica em Indaiatuba, interior de São Paulo. O tom de voz baixo e os gestos delicados de Solange Giro, 46 anos, sugeriam que ela carrega certa timidez ao expor a própria vida numa conversa com um estranho. Cerca de duas horas depois, porém, é difícil acreditar no que os olhos vêem. Diante de uma tela em branco, sobre uma mesa improvisada com dezenas de tubos de tinta, a mulher começa a pintar um quadro na seqüência de outro. O tempo gasto em cada um não passa de nove minutos. As obras são coloridas e harmoniosas. "Nunca fiz aula de artes. Mal conseguia ajudar meus filhos com os desenhos da escola", diz, minutos antes da apresentação. A discreta Solange dá lugar a uma pessoa que fala alto, canta e encara os interlocutores nos olhos, com ar desafiador. A assinatura nas telas não leva seu nome, mas de artistas famosos - e já mortos -, como Monet, Mondrian e Tarsila do Amaral. Seria uma interpretação digna de uma atriz? Talvez. O que difere o momento de uma encenação é subjetivo e dá margem a dezenas de explicações - convincentes ou não. Talvez seja possível encontrar respostas no que a artista diz a cada uma das pessoas da platéia presenteadas com um dos dez quadros produzidos na noite. Enquanto entregava a obra, ela desferia características e situações de vida de cada um absolutamente desconhecidas dela. O mentor que a guia é o médico holandês Ernst, que viveu no século XVII. A sensitiva garante que era ele, não ela, quem estava presente na pintura dos quadros.
Nem sempre é fácil aceitar a mediunidade, que pode causar medo quando começa a se manifestar. "Ainda hoje não gosto quando vejo o possível desencarne de alguém. Nestas horas, preferia não saber", conta a psicóloga Marilusa Moreira Vasconcelos, 65 anos, de São Paulo, que psicografa. O médium de cura Wagner Fiengo, analista fiscal paulistano, 37 anos, chegou a se afastar da doutrina. "Aos 13 anos não entendia por que presenciava aquilo." Para manter a sanidade e o equilíbrio, as pessoas que possuem dons e querem fazer parte da religião espírita precisam se dedicar à educação mediúnica. O curso leva cinco anos. Inclui os ensinamentos que Allan Kardec compilou no Livro dos espíritos - a obra que deu base ao entendimento da doutrina - e no Livro dos médiuns - que explica quais são os tipos de mediunidade, como eles se manifestam e os cuidados a serem tomados. Entre eles, o combate a falhas de comportamento, como vaidade, orgulho e egoísmo. O espiritismo prega que as imperfeições da personalidade atraem espíritos com a mesma vibração. "O pensamento é tudo. Aqueles que pensam positivo atrairão o que é semelhante. O mesmo acontece com o pensamento negativo e os vícios. Quem gosta de beber, por exemplo, chama a companhia de espíritos alcoólatras", afirma o professor de educação mediúnica Ivanildo Protázio, 49 anos, de São Paulo, que tem o dom da vidência.
PSICOFONIA 
Falar o que os espíritos querem dizer

A intuição do servidor público Geraldo Campetti, 42 anos, de Brasília, começou na infância. Ele tinha percepções inexplicáveis, das quais mais ninguém se dava conta. Era como se absorvesse sentimentos que não eram seus. Apenas identificava que existia algo além do que seus olhos enxergavam. Até que as sensações começaram a tomar forma. Campetti passou a ouvir súplicas de ajuda. De espíritos, inconformados com a morte. Aos 29 anos, não se assustou. De família kardecista, conhecia a mediunidade. "Mas sabia que precisava estudar para manter o equilíbrio", diz. Hoje diretor da Federação Espírita Brasileira, afirma ter controle sobre o dom de ouvir e transmitir recados dos mortos. Eventualmente, um espírito pede uma mensagem à pessoa com quem ele conversa. "Isso é espontâneo, não da minha vontade."


Imaginar que convivemos no cotidiano com pessoas que estão mortas vai além da compreensão sobre a vida - pelo menos para quem não acredita em reencarnação. Mas até na ciência já existem aqueles que conseguem casar racionalidade com dons espirituais. Esses especialistas afirmam que a mediunidade é um fenômeno natural, não sobrenatural. E que o mérito de Allan Kardec foi explicar de maneira didática o que sempre esteve presente - e registrado - desde a criação do mundo em todas as religiões. O que seria, dizem os defensores da doutrina, a anunciação do Anjo Gabriel a Maria, mãe de Jesus, se não um espírito se comunicando com uma sensitiva?
Apesar desse contato constante, os mortos, ou desencarnados, como preferem os espíritas, não aparecem em "carne e osso". A ligação com o mundo dos vivos seria possível graças ao perispírito, explica Geraldo Campetti, diretor da Federação Espírita Brasileira. "Ele é o intermediário entre o corpo e o espírito. A polpa da fruta que fica entre a casca e o caroço." O perispírito seria formado por substâncias químicas ainda desconhecidas pelos pesquisadores terrenos, garantem os adeptos do espiritismo. "É a condensação do que Kardec batizou como fluido cósmico universal", afirma o neurocirurgião Nubor Orlando Facure, diretor do Instituto do Cérebro de Campinas. Nas quatro décadas em que estuda a manifestação da mediunidade no cérebro, Facure mapeou áreas cerebrais que seriam ativadas pelo fluido.
CURA 
Cirurgias sem dor nem sangue

O primeiro espírito a se materializar para o analista fiscalWagner Fiengo, 37 anos, de São Paulo, foi de um primo. Ele tinha dez anos, teve medo e se afastou. Mas, na juventude, um tio, seguidor da doutrina, avisou que era hora de ele se preparar para a missão que lhe fora reservada. Por meio da psicografia, seu guia espiritual, o médico Ângelo, informou que teriam um compromisso: curar pessoas. Ele não foi adiante. Uma pancreatite surgiu sem que os médicos diagnosticassem os motivos. Há quatro anos, seu guia explicou que as doenças eram ajustes a erros que Fiengo havia cometido numa vida passada. A missão era a forma de equilibrar a saúde e a alma. Em 2004, iniciou as cirurgias espirituais. Ele diz que não é uma substituição ao tratamento convencional. "É um auxílio na cura de fatores emocionais e físicos."

Comprovar cientificamente a mediunidade também é objetivo do psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira, professor de medicina e espiritualidade da Faculdade de Medicina da USP e membro da Associação Médica-Espírita de São Paulo. Com exames de tomografia, ele analisou a glândula pineal (uma parte do cérebro do tamanho de um feijão) de cerca de mil pessoas. "Os testes mostraram que aqueles com facilidade para manifestar a psicografia e a psicofonia apresentam uma quantidade maior do mineral cristal de apatita na pineal", afirma Oliveira. Ele também atende, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, casos de pacientes de doenças como dores crônicas e epilepsia que receberam todos os tipos de tratamento, não tiveram melhora e relatam experiências ligadas à mediunidade. "Somamos aos cuidados convencionais, como o remédio e a psicoterapia, a espiritualidade, que vai desde criar o hábito de orar até a meditação. E os resultados têm sido positivos." Uma pesquisa de especialistas da USP e da Universidade Federal de Juiz de Fora, publicada em maio no periódico The Journal of Nervous and Mental Disease, comparou médiuns brasileiros com pacientes americanos de transtorno de múltiplas personalidades (caracterizado por alucinações e comportamento duplo). Eles concluíram que os médiuns apresentam prevalências inferiores de distúrbios mentais, do uso de antipsicóticos e melhor interação social.
A maior parte dos cientistas acredita que a mediunidade nada mais é do que a manifestação de circuitos cerebrais. Alguns já seriam explicáveis, como os estados de transe. Pesquisas da Universidade de Montreal, no Canadá, e da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, comprovaram que, durante a oração de freiras e monges católicos, a área do cérebro relacionada à orientação corporal é quase toda desativada, o que justificaria a sensação de desligamento do corpo. Os testes usaram imagens de ressonâncias magnéticas e tomografias feitas no momento do transe.
A teoria seria aplicável ao transe mediúnico, quando o médium diz incorporar o espírito e não se lembra do que aconteceu. Pesquisadores da Universidade de Southampton, na Inglaterra, estudaram pessoas que estiveram entre a vida e a morte e relataram se ver fora do próprio corpo durante uma operação ou entrando em contato com pessoas mortas. Os estudiosos concluíram se tratar de um fenômeno fisiológico produzido pela privação de oxigênio no cérebro. Trabalhando sob stress, o órgão seria também inundado de substâncias alucinógenas. As imagens criadas pela mente seriam apenas a retomada de percepções do cotidiano guardadas no inconsciente.

PSICOPICTOGRAFIA 
Milhares de quadros pintados

Criada numa família católica, Solange Giro, 46 anos, de Parapuã, interior de São Paulo, teve o primeiro contato com o espiritismo aos 20 anos, ao conhecer o marido. Ele, que perdera uma noiva, buscava o entendimento da morte. Já casada e com dois filhos, passou a sofrer de depressão. Encontrou alívio na desobsessão (trabalho que libertaria a pessoa de um espírito que a domina). A mediunidade dava os primeiros sinais. Logo passou a ouvir e ver espíritos. O dom da psicografia veio em seguida. Era um treino para ser iniciada na pintura mediúnica. "Pintei cinco mil quadros no primeiro ano. Estão guardados. Não tive autorização para mostrálos", conta Solange, que diz nunca ter estudado artes. Nos últimos 13 anos, ela recebeu aval de seu mentor para vender os quadros. O dinheiro é revertido para a caridade.

O psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira rebate a incredulidade. "Se uma pessoa está em cirurgia numa sala e consegue descrever em detalhes o que ocorreu em um ambiente do outro lado da parede, é possível ser apenas uma sensação?" Essa é uma pergunta que nenhuma das frentes de pesquisa se arrisca - ou consegue - a responder com exatidão. Da mesma maneira que todos os presentes à sessão de pintura em Indaiatuba saíram atônicos, sem conseguir explicar como alguém que conheceram numa noite foi capaz de decifrar suas angústias mais inconfessáveis.


terça-feira, 22 de julho de 2008

Faça tudo, mesmo assim.

Mesmo Assim

Vivemos um momento na face da Terra que, por vezes, parece que todos os valores morais estão em baixa.

E você, que está buscando construir suas mais nobres virtudes, em muitos momentos se sente enfraquecido pelo próprio mundo à sua volta.

Quando age com honestidade, comentam que você é tolo, que está remando contra a maré, em vez de fazer o que todo mundo faz. Mas se você quer ser grande perante sua consciência, seja honesto mesmo assim.

Se procura balizar seus atos na justiça, ouve que essa atitude é a de um alienado, vivendo num mundo em que vence sempre o mais forte. No entanto, seja justo mesmo assim.

Se está construindo um lar apoiado nas colunas sólidas da fidelidade, é comum ouvir gargalhadas insanas ou comentários maldosos a respeito do seu comportamento. Seja fiel mesmo assim.

Quando seu coração se compadece, diante dos infelizes de toda sorte, não falta a zombaria daqueles que pensam que cada um deve pensar em si próprio, ignorando os sofrimentos dos irmãos de caminhada. Tenha compaixão mesmo assim.

Se você dedica algumas horas do seu dia, voluntariamente, em favor de alguém, rico ou pobre, que precisa da sua atenção e do seu carinho, percebe as investidas da maldade daqueles que pensam que nos seus atos há uma segunda intenção. Seja fraterno e solidário mesmo assim.

Quando você age com sinceridade, com lealdade, é comum ser taxado de insensato, fugindo do comum em que muitos usam de subterfúgios mesquinhos para conseguir o que desejam. Seja sincero e leal mesmo assim.

Se, diante das circunstâncias do dia-a-dia, você revela sua fé em Deus e em Suas soberanas Leis, e é chamado de piegas ou crédulo, mantenha sua fé mesmo assim.

Se em face de tantos desatinos no campo da sensualidade e na falta de decoro que assola grande parte dos seres, você deseja manter-se íntegro e recatado e é chamado de louco mantenha-se íntegro e recatado mesmo assim.

Quando aqueles que se julgam acima do bem e do mal tentam apagar a chama da esperança que você acalenta no íntimo, afirmando que a esperança é a ilusão da mediocridade, mantenha a esperança mesmo assim.

E, por fim, mesmo que alguém tente roubar a sua coragem de continuar lutando e acreditando em dias melhores, mantenha sua coragem e continue acreditando mesmo assim.

Ao findar sua jornada terrestre, e só então, você poderá contemplar a ficha de avaliação do seu desempenho. Somente você será responsabilizado por seus atos. E tenha a certeza de que todos aqueles que tentaram desviá-lo do caminho reto não estarão lá para lhe dar apoio...

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Madre Teresa de Calcutá, dentre tantos conselhos preciosos que legou à humanidade, deixou um conselho especial para aqueles que desejam construir na intimidade as mais nobres virtudes, dizendo:

"Muitas pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas. Ame-as, mesmo assim."

"Se você tem sucesso em suas boas realizações, ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos. Tenha sucesso, mesmo assim."

"O bem que você faz será esquecido amanhã. Faça o bem, mesmo assim."

"A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável. Seja honesto, mesmo assim."

"Aquilo que você levou anos para construir, pode ser destruído de um dia para o outro. Construa, mesmo assim."

"Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda, mas alguns deles podem atacá-lo se você os ajudar. Ajude-os, mesmo assim."

"Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo, você corre o risco de se machucar. Dê o que você tem de melhor, mesmo assim."

Equipe de Redação do Momento Espírita.

domingo, 20 de julho de 2008

Evolução no relacionamento

ATRITOS
Roberto Crema

"Ninguém muda ninguém;
ninguém muda sozinho;
nós mudamos nos encontros.

Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos.
Somos transformados a partir dos encontros,
desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados
pela idéia e sentimento do outro.

Você já viu a diferença que há entre as pedras
que estão na nascente de um rio,
e as pedras que estão em sua foz?

As pedras na nascente são toscas,
pontiagudas, cheias de arestas.

À medida que elas vão sendo carregadas
pelo rio sofrendo a ação da água
e se atritando com as outras pedras,
ao longo de muitos anos,
elas vão sendo polidas, desbastadas.

Assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles, a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar
que não existem sentimentos, bons ou ruins,
sem a existência do outro, sem o seu contato.
Passar pela vida sem se permitir
um relacionamento próximo com o outro,
é não crescer, não evoluir, não se transformar.

É começar e terminar a existência
com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.
Quando olho para trás,
vejo que hoje carrego em meu ser
várias marcas de pessoas
extremamente importantes.

Pessoas que, no contato com elas,
me permitiram ir dando forma ao que sou,
eliminando arestas,
transformando-me em alguém melhor,
mais suave, mais harmônico, mais integrado.
Outras, sem dúvidas,
com suas ações e palavras
me criaram novas arestas,
que precisaram ser desbastadas

Os seres de grande valor,
percebem que ao final da vida,
foram perdendo todos os excessos
que formavam suas arestas,
se aproximando cada vez mais de sua essência,
e ficando cada vez menores, menores, menores...

Quando finalmente aceitamos
que somos pequenos, ínfimos,
dada a compreensão da existência
e importância do outro,
e principalmente da grandeza de Deus,
é que finalmente nos tornamos grandes em valor.

Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?
Sabemos quanto se tira
de excesso para chegar ao seu âmago.

É lá que está o verdadeiro valor...
Pois, Deus fez a cada um de nós
com um âmago bem forte
e muito parecido com o diamante bruto,
constituído de muitos elementos,
mas essencialmente de amor.
Deus deu a cada um de nós essa capacidade,
a de amar...
Mas temos que aprender como.

Para chegarmos a esse âmago,
temos que nos permitir,
através dos relacionamentos,
ir desbastando todos os excessos
que nos impedem de usá-lo,
de fazê-lo brilhar

Por muito tempo em minha vida acreditei
que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido,
ter e provocar raiva,
ignorar e ser ignorado
faz parte da construção do aprendizado do amor.

Não compreendia que se aprende a amar
sentindo todos esses sentimentos contraditórios e...
os superando.
Ora, esse sentimentos simplesmente
não ocorrem se não houver envolvimento...

E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final: ATRITE-SE!

Não existe outra forma de descobrir o amor.
E sem ele a vida não tem significado. "

sábado, 12 de julho de 2008

Reencarnação

"Reencarnação: chave para a compreensão da nossa existência aqui na Terra.

Vem do latim, do prefixo RE (de novo), mais o prefixo IN (movimento para dentro),mais os substantivos CARNE (carne) e ACTIONE (ação), significando “ação de tornar a tomar uma carne” (ou um corpo humano); trata-se, portanto, de um novo corpo físico, diferente do anterior.
Os povos antigos já conheciam a reencarnação, seja sob o nome de “palingênese” – do grego PALIS (de novo) e GÊ- NESIS (nascimento) – “transmigração da alma”, ou simplesmente “renascimento”.

É, portanto, crença antiqüíssima, existente praticamente desde o surgimento do ser humano, principalmente nas filosofias religiosas orientais: ninguém duvidava dela. Por exemplo, o filósofo egípcio Plotino (aproximadamente 205/270) já se referia seguidamente à “Alma viajora”...
Inclusive, o Cristianismo de então aceitava-a como realidade irrefutável, até o ano de 553, quando, no 2o Concílio de Constantinopla, ela foi banida por motivos pessoais e políticos, condenando-se, desse modo, os próprios ensinos de Jesus, que várias vezes se referiu a ela, como na afirmação aos apóstolos de que João Batista fora Elias, em conversa com Nicodemos.
A reencarnação é, sem dúvida, mais uma prova da misericórdia de Deus, nosso amoroso Pai, e de sua infinita justiça (não fosse Ele “soberanamente justo e bom...” – “O Livro dos Espíritos”, pergunta 13).Ela faculta que nós, Seus filhos, resgatemos os erros cometidos no pretérito,
através do aprendizado e do trabalho em novas existências, usando novos corpos somáticos – “uniformes de serviço na Terra” – para, pouco a pouco, seguindo o Cristo, aprendermos a vivenciar o amor.

A reencarnação é instrumento pedagógico para o espírito, indispensável, pois, à sua evolução, até que alcance patamar moral superior. Nossos irmãos de Humanidade (com todo o respeito que temos por eles e suas opiniões) que não aceitam a idéia da reencarnação, não conseguem, de forma que atenda à nossa racionalidade, explicar o motivo dos nossos sofrimentos e das diferenças entre nós (físicas, sociais, intelectuais, morais, etc.)... Não obtêm respostas
lógicas às grandes questões que angustiam o ser humano ao longo dos tempos: O que sou? De onde vim? Por que e para que estou aqui? Qual será meu futuro? E, sem notar, esses irmãos estão qualificando o Pai de absurdamente injusto e cruel...

A reencarnação, chamada poeticamente na Índia de “Roda de Sansara”, promove a progressão do espírito, até o momento em que ele não mais dela necessite para sua contínua evolução.
Ela iguala os homens (espíritos encarnados), e impõe a verdade da responsabilidade individual na construção de seu futuro... Responsabilidade essa que não pode ser anulada por dogmas ou cerimônias materiais de qualquer tipo. Relembremos a assertiva de Léon Denis: “O homem
é arquiteto de seu destino!” Atualmente, a reencarnação saiu da esfera da filosofia e da religião, invadindo decididamente a área da ciência, a qual cada vez mais a comprova, não somente
por meio de pesquisas e experiências que a ratificam na TVP (Terapia de Vidas Passadas) e em estudos sobre crianças que conscientemente recordam sua última encarnação, ou que revelam conhecimentos prodigiosos em todos os setores da vida humana – totalmente excepcionais para
sua idade cronológica – e que aí estão, levando os incrédulos a pensar a respeito e renovar conceitos... Cientistas e pesquisadores de renome, como o médico americano Brian L. Weiss
(“Muitas vidas, muitos mestres”) e tantos outros, definitivamente romperam o tabu existente, comprovando inelutavelmente a reencarnação.

Em novembro de 2006, a Federação Espírita Brasileira relançou, em DVD, o filme “Minha vida em outra vida”, que relata o fato verídico da inglesa Jenny Cockell, projetista de brinquedos eletrônicos, casada, com dois filhos, que se lembrava de sua vida anterior, na Irlanda, onde desencarnara deixando seis filhos. Após muitos obstáculos, consegue reencontrar esses
seus filhos (menos um, que já desencarnara) e reuni-los, todos eles bem mais velhos do que ela na atual existência!

O benfeitor Emmanuel, no livro do mesmo nome, psicografia de Chico Xavier, afirma-nos: “Cada encarnação é como se fora um atalho na estrada da ascensão”. Assim, vivenciemos bem essa bendita oportunidade de progresso, utilizando esse valioso “talento” para a nossa regeneração,
construindo um novo recomeço, acertando o passo a caminho da luz."

Fonte: Boletim SEI - JUN/2008

Viver e Conviver

"Estamos no mundo para aprender a viver e conviver conforme as Leis Divinas. Trata-se realmente de uma aprendizagem pois dispomos de liberdade, não nascendo programados para agir desta ou daquela maneira, embora contando sempre com a ajuda de esclarecidos orientadores e com a natural inclinação para o bem, decorrente de nossa origem divina, que faz com que todos gostem de ter saúde, mesmo quando não saibam preservá-la, e de receber tratamento fraterno, ainda que sejam egoístas ou agressivos. Nada de errado, assim, nessa situação em que se articulam livre-arbítrio e responsabilidade, educação e progresso.

As dificuldades naturais – dada a nossa relativa imaturidade espiritual – que enfrentamos
na utilização do corpo, que dão margem a excessos e vícios, e no relacionamento social, ainda tão marcado pelo orgulho e pela ambição, fizeram com que alguns religiosos, de forma simplista, vissem o “mal” em tais experiências, considerando- as perigosas para nossos interesses
espirituais e preconizando abstinências e macerações bem como o isolamento e a contemplação como formas de garantirmos contra quedas e ilusões. Não se percebia o equívoco de tentar solucionar um problema agindo sobre os efeitos e não sobre as causas (proibição ao invés de utilização correta), nem o paradoxo de situar a origem do mal em processos naturais
estabelecidos pelo Criador. Até mesmo o bem-estar, necessário ao trabalho e ao aproveitamento da existência, foi visto como aliado do erro, devendo ser combatido com cilícios (roupas grosseiras e apertadas, contendo, por vezes, fios de arame farpado, destinadas a incomodar e ferir seus usuários) e posturas desconfortáveis.

A Doutrina Espírita adotou sempre uma posição de equilíbrio, mostrando que devemos viver no corpo e não para ele, e na sociedade, sem abrirmos mão de nossa consciência. Ou seja, cuidar do corpo, que nos possibilita as experiências da vida na Terra, preservando suas condições de
utilização pelo maior tempo possível, e agir como membros da comunidade a que pertencemos, respeitando suas normas e convenções sem, contudo, sujeitar-nos a modismos ou adotarmos práticas socialmente admitidas mas inaceitáveis à luz do bem. Essa proposta, que associa participação e discernimento, decorre, e se harmoniza, perfeitamente com o quadro coerente
da vida e do Universo, trazido pela Doutrina Espírita, que é de fato o Consolador prometido por Jesus, capaz de atender às expectativas modernas de racionalidade e objetividade na abordagem das questões fundamentais de nossa existência.

Como afirmou um orientador espiritual: “A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas, os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no contato com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo
de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta”.

“O Evangelho segundo o Espiritismo” (capítulo 17, itens 10 e 11).

Fonte: Boletim SEI JUN/2008